quinta-feira, dezembro 29, 2005

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Não sei se sumiu só pra mim ou para toda a humanidade. De todo modo coloque seu comentário aqui.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Foda-se 2005, Que venha 2006 !

2005 foi um ano cheio de fatos e feitos na minha vida. Mandei às favas todas as tradições, supertições e até mesmo as confraternizações e decidi começar o ano sozinho e bem-acompanhado: só eu e a Enia na vitrola. Eu sei, eu sei, Enia é coisa de boiola mas tive um ano de 2004 muito hard rock pro meu gosto.
2005 foi um ano repleto de mudanças. Eu já tinha deixado o Brasil em 2004 e mudado pra Londres. Em 2005 eu troquei Londres por Bruxelas. Troquei de estado civil também, de solteiro inverterado eu virei casado convicto.
Em 2005 eu fiz novos amigos, preenchendo o lugar deixado por pessoas que foram "faxinadas" da minha vida. A faxina amical é a mais dura de se realizar mas é a mais necessária de todas. A distância me ajudou a separar os verdadeiros amigos que deixam saudades das pessoas que não tem muito a acrescentar na vida.
2005 me fez chorar de longe a partida de parentes e de amigos queridos. Eu conheci o sentimento de impotência perante o direito de ir e vir da alma das pessoas que deixarão muitas saudades nos próximos eternos anos que virão.
Em 2005 eu reencontrei meu valor profissional que há muuuuito tempo estava sem utilidade, às moscas. Depois de vagar pelo mundo de sub-emprego à sub-emprego, consegui finalmente me colocar num lugar que eu mereço e que merece meu trabalho. Mas continuo arrependido de ter estudado arquitetura. Tive que viajar milhares de kilometros para poder exercê-la com dignidade e com a tranquilidade de que amanhã todas as contas estarão pagas.
Em 2005 eu adquiri uma postura um pouco mais séria com relação à vida. Pequenas coisas que vão desde os horários regrados para acordar e dormir até grandes coisas como por exemplo levantar a tampa da privada para mijar demonstram que, para mim, a vida não é mais um passa-tempo num grande parque de diversão chamado mundo.
Portanto, para voce 2005, eu só tenho a dizer: FODA-SE !
Espero que a colheita de 2006 faça valer todos os esforços plantados nesse ano.

Então, Viva 2006 !!!!
Ano da chegada do João Julião !!!
Ano da Copa do Mundo na Alemanha !!!
Ano da Puta que Pariu !!!

Feliz 2006 a todos os três leitores desse blog !
Volto dia 2 de janeiro. Não insistam.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Dia-a-Dia no Trabalho Parte 2: Hora do Almoço

Ao lado do escritório existe um clube de hóquei que, por sua vez, possui o único local para comer e beber num raio de 1,5 Km. Obviamente é minha escala obrigatória na hora do almoço.
O proprietário, Vaso Miralovic, é uma figura intrigante: Iugoslavo, enxadrista, apaixonado por futebol brasileiro, capoeira e axé-bundinha.
Mesmo se não tenho fome me desloco até a cafeteria do Vaso mesmo que seja só pra tomar uma café. As vezes tempero o café com "Stepovic", uma pinga sérvia a base de ameixa.
Por horas a fio, Vaso é capaz de dissertar sobre todos os técnicos, jogadores e clubes brasileiros de futebol. Como fica muito feio eu dizer que não sei nada de futebol brasileiro ( salvo que o Coríntias subornou a arbitagem e ganhou roubando do Internacional o título de campeão brasileiro desse ano), faço pesquisas no site da CBF para não fazer feio na conversa.
Mas não só de futebol vive a sede de saber desse sérvio. Quase todos os dias ele me pede explicação sócio-politico-cultural sobre o Brasil. Já dei até aula sobre capoeira no salão da cafeteria e, enquanto todos cantavam "paranauê, paranauê parana.." (previamente ensaiados por mim), eu fazia gingas de capoeira e dava chutes no ar para mostrar a eficácia da arte marcial brasileira. Episódio deprimente de se ver. Eu parecia uma garça ferida mas, diante aos olhos incrédulos de Vaso e sua trupe, eu era uma verdadeira onça guerreira: todos aplaudiram eufóricos a brava demonstraçao !
Sexta dia 23 tem festa brasileira por lá. Eu, na minha nobre função de embaixador cultural do Brasil, pirateei o filme "Rei Pelé" e estou montando uma refinada seleção de mp3 para o evento. Compramos garrafas e mais garrafas de pinga e eu poderei expor meus dotes de barman preparando caipirinha pra trupe.
A única coisa que me preocupa realmente é quando me pego digitando "Negritude Jr" ou "Netinho" no Kazaa para formar minha seleção musical para o dia da festa. Sinto um cheiro de "fim dos tempos"em tudo isso.

Dia-a-Dia no Trabalho Parte 1 - Inácio, El Basco


Inácio Vicente, el basco. Eu não poderia descrever minha vida na AOS sem começar por essa figura.
Designado para me treinar, esse espanhol maluco cuida de mim com todo o afinco do mundo, mesmo sabendo que hierarquicamente eu possuo cargo mais elevado que ele. Foi ele que me ensinou desde as rotinas mais simples do escritório como, por exemplo, qual é o melhor banheiro para cagar durante o expediente ou onde fica a sala de reunião onde podemos roubar coca-cola sem ter que gastar 0,60 euros na máquina de bebidas da cafeteria, até tarefas mais complexas com abastecer o carro (tenho que ressaltar que aqui não existem escravos frentistas, somos nós usuários que manipulamos a bomba de combustível).
Possuidor de um espírito-de-porco único, racista e amante de uma boa cerveja, não demorou a se tornar um amigão e companhia constante.
Ele que me avisa a cada 45 minutos que é hora de parar tudo para tomar café, ele que controla a carga horária para que não trabalhemos demais e sempre vem me avisar: "Hola bonguito! Hora de beber una cerveza". Esse cara sabe me convencer a parar de trabalhar...
Durante a semana estabelecemos rotinas sagradas: almoçar uma vez por semana no Kargin e outra no Apollo. São restaurantes respectivamente turco e grego de proprietários amigões que expulsam clientes da mesa para nos receber em horario de pico.
Na volta paramos no clube de hóquei ao lado do escritório para tomar um último café com o Vaso Miralovic, iugoslavo amigão, amante do futebol, da capoeira e da música brasileira.***
Só então voltamos pro escritório, tomamos o último café e enterramos a cara no trabalho, pelo menos nos próximos quarenta e cinco minutos...

*** Vaso Miralovic merece, na sequencia, um post só pra ele também.

Bruxelles, ma Belle !

Bruxelas realmente é uma cidade apaixonante. Capital de rotas mercantes no Império Romano para o norte, a cidade conserva com carinho e em bom estado os traços arquitetônicos e culturais deixados pelos diversos povos que lá viveram.
As opções turisticas não se comparam com a monumentalidade de uma Paris ou uma Londres mas são bem particulares e transparecem fielmente a personalidade dos dois povos que a compartilha: os walões (população de origem francofônica) e os flamengos (de origem holandesa). De todo o Reino da Bélgica, Bruxelas é a única cidade verdadeiramente bilingue francês-neerlandês.
A culinária é uma arte levada tão a sério quanto a culinária francesa, a fabricação de cervejas artesanais é um élan a parte e as caminhadas pelos seus parques e avenidas, explorando a magia velada de seus cantos, promove orgasmos cósmicos na alma.
Apesar de tudo isso, diversos amigões brasileiros e franceses já vieram me visitar aqui e, naturalmente, já estou de saco cheio de percorrer o mesmo roteiro turístico pelo menos uma vez por mês (pelo menos agradeço por não morar em Paris, lá eu seria visitado umas quatro vezes por mês e acabaria por entrar com um caminhão bomba nos elevadores da Torre Eifel).
Pensando na sistemática de uma visita rápida e objetiva pela capital, peço aos amigões e amigonas que selecionem o pacote "Bruxelas by Joe" que melhor se enquadra ao seu perfil. Assim poderemos conhecer a cidade de maneira dinâmica e agradável e sobrará mais tempo para enchermos a cara e observarmos as gostosas que vem e que passam sentados em alguma cervejaria tradicional.

Pacotes disponíveis "Bruxelas by Joe":

- Family Standart: Rue Royale, Palace Royal, Musée Royal, Palais de Justice, Grand Place, Manneken Pis, finaliza no pub "A la Mort Subite" (degustação de cervejas artesanais até beijar o chão).

- Family Plus: Todo o roteiro do pacote "Standart" mais Cinquantenaire, Parlamento Europeu e Atominium, finaliza no pub "A la Mort Subite" (degustação de cervejas artesanais até beijar o chão).

- Family Master Plus: Todo o roteiro do pacote "Plus" mais Rue D'Aerschot ( rua das putas), finaliza no pub "A la Mort Subite" (degustação de cervejas artesanais até beijar o chão).

- Only Fornication Plus: Manda a merda todos os roteiros acima e passa-se o dia na Rue D'Aerschot (rua das putas), finaliza no pub "A la Mort Subite" (degustação de cervejas artesanais até beijar o chão).

Escolham seu pacote preferido, me avisem com antecedencia para que eu prepare meu saco para o dia e meu fígado para a noite.

PS: Post escrito em horário de trabalho a pedidos da minha irmãzinha que está coçando o grêlo em Curitiba morrendo de tédio.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Canary Islands


Localizado no Oceano Atlântico, ao sul das Ilhas Madeiras e a oeste da costa do Marrocos, o arquipélago das Ilhas Canárias foi escala obrigatória em todas as travessias oceânicas de Cristovão Colombo, foi campo de batalha entre ingleses e espanhóis inclusive custando o olho esquerdo do Lord Nelson num desses quebra-pau, foi local de treinamento das tropas do ditador espanhol Franco e serviu de palco para minha lua-de-mel.
Formado por sete ilhas (El Hierro, La Palma, La Gomera,Tenerife, Gran-Canária, Fuerteventura e Lanzarote), essa possessão espanhola possui uma variedade enorme de paisagens maravilhosamente esculpidas por erupções vulcânicas e correntes marítimas. O clima é quente e agradável o ano inteiro, o mar é cristalino, as cidades e seus habitantes lembram algum lugar no interior de Minas Gerais e as mulheres não são gostosas (salvo as turistas européias em geral mas não vi muitas por lá na época pois era baixa temporada).

Das sete ilhas, a que apresenta a melhor estrutura para o turismo é a mais conhecida de todas: Tenerife. Infelizmente só sobrevoamos Tenerife, passando quase que em voo rasante sobre seu vulcão e pico culminante. Não tivemos tempo nem dinheiro para explorá-la. Em compensação, curtimos a ilha de Gran-Canária até ficarmos de saco-cheio.
Na verdade eu mal sabia da existencia desse pequeno paraíso tropical. Nas vésperas (véspera MESMO) do meu casamento, minha sogrinha amigona resolveu nos presentear com uma viagem. Como casamos no dia primeiro de julho (início da alta-temporada européia) a dificuldade para encontrar um destino diferente do corriqueiro foi enorme. Após horas e horas de pesquisas em sites de companhias aéreas optei pela Gran-Canária, o que não foi muito difícil: era o único lugar do planeta que ainda tinha lugar no avião pelo preço que poderíamos pagar.
A ilha apresenta uma estrutura honesta para turistas endinheirados (o que não era o nosso caso) mas como fomos em baixa-temporada para o turismo local conseguimos acomodações em hotéis bons pela metade do preço. Só nos estrepamos quando resolvemos seguir o guia que compramos. Cada tentativa de economizar saía mais caro que ficar torrando o rabo e enchendo a cara na praia que nos hospedamos.
Aliás, eu reescreveria as duzentas páginas do guia em poucas linhas: chegando no aeroporto vá direto para Porto de Mogan (foto acima e ao lado) , hospede-se no hotel Club de Mar, seja simpático com a Gina (recepcionista do hotel) que ela te arruma um belo quarto com vista pra marina e, quando o saco estourar, alugue um carro e faça o tour costeiro da ilha mas volte para dormir no mesmo hotel.
A capital, Las Palmas, merece um dia de visita. Uma mistura de Havana com Santos, lojas e mais lojas free-shop, monumentos históricos, belas construções coloniais espanholas e um cheirinho de merda com peixe-morto no ar.
O termo "free-shop" é muito atraente mas somente para os endinheirados. Os preços são realmente muito mais em conta do que as lojas convencionais e mais em conta até que as lojas de aeroportos mas nem a dedução de 100% das taxas consegue tornar barato perfumes Chanel, Hugo Boss ou Armani, muito menos bolsas Louis Vuitton. Não pelo menos para o meu bolso.
Nossa única aquisição foi uma bela barraca com sacos de dormir do "El Corte Ingles" que não usamos pela inexistência de campings decentes na ilha mas que nos deu no saco carregar pra cima e pra baixo.




Las Palmas de Gran Canaria, Claudinha admirando os arredores da Catedral de Santa Ana


As estradas são bem interessantes. Esculpidas nas falésias e extremamente estreitas, proporcionam emoções ímpares quando são percorridas a bordo de "guaguas" (onibus local) devidamente pilotados por motoristas insanos. Tem que tomar "dramin" antes se voce quiser apreciar a bela paisagem. O "dramin" será amigo de todas as horas, servirá também para velejar no mar agitado da região e ajudará a diminuir a sensação de vácuo estomacal após vomitar a paella podre comida num boteco pé-sujo na tentativa inútil de fazer alguma economia.
No quesito "custo", a ilha não deixa muito a desejar. Por ser possessão espanhola, a moeda local é o euro, o que acaba por resumir que nada será barato ou bom negócio por lá.

Curiosidade:
Ilhas Canarias não recebeu esse nome por ser uma ilha repleta de canários como a fonética nos leva a crer.
O nome vem de "Canis", cão em latim. O arquipélago recebeu esse nome devido à grande população de cães econtrada após a chegada dos primeiros habitantes.
Isso me leva a crer que os colonizadores espanhóis que lá viviam nos primórdios deviam morrer de tanto se coçar ou de desespero já que zoonoses como bicho-de-pé, bicho geográfico e berne era o mínimo que se podia pegar pisando em bosta de cachorro na areia da praia.




Ponto Positivo: Puerto de Mogan, a marina os esportes aquáticos, velejar ao cair do sol, hotel Club de Mar e a Gina (recepcionista gostosa)
Ponto Negativo: Preços, falta de mulher gostosa na baixa temporada e o transporte público

Foto Abaixo: Momento poético de um nascer do sol em Porto Mogan e eu me preparando para mais um dia no mar pescando golfinhos.