sexta-feira, abril 28, 2006

Coçassão Generalizada

Véspera de feriado por aqui a coçassão corre solta. Hoje tem só eu e mais uns três gatos pingados trabalhando (normalmente somos mais ou menos 60 pessoas) e eu não estou exagerando.
No meu departamento só tem eu. Sorte minha, estou esfolando o saco e desenvolvendo técnicas para passar o tempo. Só hoje eu já me diverti muito:

- Visitei todas as páginas pornográficas possíveis e imagináveis
- Fiz um perfil falso no orkut pra ficar lançando ofensas nas comunidades pró-PT
- Mostrei a bunda para várias câmeras do circuito interno de segurança e depois fui assistir a filmagem
- Sentei na fotocopiadora e tirei cópias da minha bunda peluda
- Li o jornal inteiro no banheiro
- Atualizei o blog !!!!!!!!!!
- Assediei sexualmente a recepcionista e a estagiária
- Enfim, só vadiei.

... e o dia não acaba nunca.

quinta-feira, abril 27, 2006

Amizade é isso aí:

Recebi uns dias atrás a visita de um amigão que realmente me deixou muito feliz.
Minha amizade com o Wilson data nossa adolescência. Confesso que no início eu tinha um certo asco, não dele, mas da capacidade incrível que ele tinha para namorar com barangas. Namoro mesmo: mãos dadas em público, cafunés, juras de amor e almoço dominical na casa dos pais dela. Na verdade sua coragem era invejável já que não foram poucas as desprovidas em estética que encontraram consolo e carinho entre os braços desse Don Juan das Oprimidas.
No nosso currículo fraternal constam muitas festas, muitas viagens, algumas passagens de ano na praia mas constam também, principalmente, a lealdade e a amizade em todas as circunstâncias. E foram várias, boas e más.
Nos ajudamos muito na época em que nos encontramos sem emprego, duros, fodidos e não-pagos mas lembramos sempre com carinho dessa passagem da nossa vida. Podíamos contar um com o outro mesmo com o pouco que podíamos oferecer.
Anos mais tarde, deus ficou com pena de nós, reverteu nossa vida profissional e deu um "bonus extra" pro Wilson: sua linda esposa Yuli que, além de completá-lo em todos os aspectos, ajudou a limpar aquela imagem de faxineiro de fim-de-festa que o estigmatizava.
A vinda dele pra cá, da maneira como foi, me fez refletir sobre o sentido da palavra amizade: ele viajava de mochileiro pela europa com a esposa, deu "cinco minutos" e eles resolveram vir até Bruxelas que, originalmente, não fazia parte do itinerário programado. Ele achava que tinha meu telefone em alguma troca de mail mas, chegando num cybercafé, constatou que ele só "achava". Ele não deu nem "tchum" a esse fato. Me mandou um mail dizendo que estava em Bruxelas, que ficaria só duas noites, comunicou o endereço do hotel e o telefone. Ele sabia que, se eu lesse o mail a tempo, nós poderíamos nos ver. Isso é o que eu chamo de "Friend's Call". Li o mail na mesma hora que ele enviou e quando ele chegou de volta ao hotel já havia uma mensagem minha na recepção com todos os números de telefone possíveis para encontrar. Uma hora depois eu já estava no hotel revendo esse meu grande amigo.
O amigo é aquele cara que não importa quanto tempo você não o vê ou não telefona. Quando você o encontra é como se a última vez que o viu tivesse sido na semana passada. Não existe cobrança, não existe ressentimento pela distância e não existe sacrifício. Me surpreendeu o fato de nem ter havido a necessidade de planejamento. Ele não ficou meses me escrevendo para saber quanto custa um Big Mac na europa ou para saber se Bruxelas tinha alguma coisa de bom para visitar. Ele sabia que eu vivia em Bruxelas e me ver já era motivo suficiente para que ele viesse até aqui.
Pena que foi muito pouco tempo, mal deu pra matar as saudades.
Obviamente fizemos uma degustação de cervejas artesanais até cair e no dia seguinte, enquanto eu trabalhava, eles cumpriram o roteiro "turista babaca". A noite levei-os para conhecer um pouco da minha vida: apresentei alguns amigos, mostrei onde trabalhava e levei-os para minha casa onde comemos uma pizza improvisada com degustação de cervejas artesanais até cair acompanhadas por muito bate-papo.
Que deus me ajude sempre a preservar essas raras porém suficientes amizades verdadeiras pois isso sim é bálsamo para a alma e acalento para o coração.

Bom, vamos encerrar com essa viadagem toda: Amigão, à la santé! Nos veremos em breve.


E depois do silêncio...


Novidades:

- Minha carteira de motorista ficou pronta !
- Mudei para um apartamento maior e melhor !
- Comprei minha passagem para ir ao Brasil no dia 3 de novembro ! (fico só 14 dias, favor agendar eventos com antecedência)

Ou seja, nada de novo. Já venho anunciando tudo isso há tempos ...

quarta-feira, abril 12, 2006

Casa nova, vida nova.

Ser Tio é bom demais!

Eu estou em puro extase com o nascimento do meu sobrinho. Não tive o prazer de conhecê-lo mas as suas fotos estão espalhadas por todo o canto da minha casa, desde o espelho do banheiro até a tela de fundo do meu palm.
Pra falar a verdade, ser tio é bom demais e extremamente prático.
O tio é aquele cara descompromissado que aparece nas boas horas, passa contigo os melhores momentos da tua vida, te carrega para as férias na praia, te conta as melhores piadas, te leva assistir aos melhores shows e depois te devolve para teus pais que te encherão o saco por causa do teu quarto desarrumado ou pelas tuas notas baixas na escola.
Meus tios sempre foram meus ídolos. Cada um contribuiu à sua maneira deixando marcas na minha memória, na minha personalidade sem encher o meu sacro santo saco com futilidades.
O Tio Celso é meu companheiro desde minha tenra idade. Me levou pela primeira vez na minha vida ao Interlagos assistir a final da Fórmula 2, me levou pro meu primero show de Rock na vida aos 12 anos e eu pude pular ao som de "I Love it loud" e "Rock'nRoll all nigth", me apresentou o Iron Maiden, o Deep Purple, o Uriah Heep entre vários, daí então eu continuei meu caminho mucical por conta própria. Já estava bem encaminhado.
O Silvinho é meu tio mais novo. Tinha 14 anos quando eu nasci. Com ele eu andei de moto pela primeira vez aos meus 4 anos de idade, conheci de primeira-mão o LP "Abbey Road" dos Beatles nos idos de 72 (deixe-me lembrá-los que os discos eram lançados por aqui dois ou três anos depois de ser lançado na Inglaterra ou em qualquer lugar do mundo). Ficou sabendo que dois moleques roubaram uma pipa minha no parque da Aclimação e, imediatamente, apareceu em casa com um kit completo para fazermos pipas. Passamos o dia cortando papel-manteiga, colando e amarrando barbantes. Fizemos uma frota de pipas modelos variados e coloridos: peixinho, maranhão e barrilete.
O Tio Mão ( alcunha carinhosa para Alemão) me mostrou o lado natural da vida. Com ele conheci Creedence Clearwater Revival, fiquei uma semana correndo pelado num camping selvagem numa praia do Guarujá por volta de 1975. Caguei no mato e num cemitério de pescadores todo esse tempo. Com ele aprendi a amar os bichos tanto quanto aos humanos. O Mão é veterinário e cuidou de todos os meus bichinhos, até da Genoveva que foi uma tartaruga que eu tive e que eu tentei retirá-la do casco na marra. Ela morreu na clínica dele mas ele conseguiu me convencer que ela tinha fugido (imaginem só, uma tartaruga fugindo...).
Como eu gostaria de dar pro João um pouquinho de cada coisa boa que meus tios me deram...
Pensando bem, ainda é tempo. Nenhum tio meu me levou pra zona. Acho que seria de grande valia moral e cívica para o João se ele fosse pela primeira vez pra zona com oito anos de idade acompanhado pelo tiozão aqui. Pra emendar, eu o levarei num boteco na sequência e tomaremos umas boas cervejas. Depois devolvo-o para os pais.
Ele vai sentir o gosto triste da volta ao lar mas ser sobrinho de tio legal não é função fácil.
Eu que o diga.