terça-feira, fevereiro 21, 2006

O Efeito Borboleta - Parte 1

Vou contar-lhes uma pequena historia verídica.
Efeito borboleta até os corintianos sabem o que significa. É a velha teoria que um peidinho soltado aqui pode virar um tufão nas Filipinas ou uma mijadinha no mar um tsunami na Indonésia.
Todos sabem que pagamos mais cedo ou mais tarde pelos nossos erros e eu não passei impune a essa teoria. Vejam a sutileza que o destino usou para me punir de um ato falho no passado:

Em uma noite de sábado de 1999, me aproveitando de uma viagem de minha antiga namorada, resolvi cair na farra como eu sempre fazia na ausencia da fera. Como era de praxe, fui até o Wooly Bully em Vinhedo pois como eu tocava por lá ficava fácil comer as groopies adictas e eu não pagava por tudo o que eu realmente bebia. Aproveitando desse diferencial, agarrei a mulherada e bebi muito, mas muito mesmo. Bebi tanto que achei mais prudente voltar pra casa ao invés de engatar uma groopie pois eu não me aguentava mais em pé.
Completamente transtornado pelo excesso de alcool, voltei pra casa dirigindo imprudentemente como um louco, ou melhor, como um bebado.
Em uma avenida, comecei um racha com um mané que estava num passat velho mas brilhante. Marcha vai, marcha vem, eis que o baiano me corta a frente e imediatamente encontra um quebra-molas enorme. Resultado: o mané brecou e eu enrabei o passatão.
Após muita discussão, fomos fazer B.O. na delegacia. Eu não conseguia pronunciar uma frase inteira por conta do alcool mas resolvi encarar os "home".
A polícia militar brasileira é bastente conhecida pela sua seriedade e dedicação ao trabalho, o meganha me perguntou se eu estava bebado, respondi que não (andando em zig-zag). Numa boa-vontade incrível ele virou pra gente dizendo: " Acho melhor oceis se resolvê no papo mesmo pruquê eu num posso fazer a porra dum b.ó. agora e oceis vao te que passá a noite inteira esperando e vai demorá pra caraio."
Entendemos bem o que ele queria dizer com "demorá pra caraio" e resolvemos fazer um acordo. O mané pensou, pensou e me disse: "Dá vinte real e tá resolvido". Topei na hora pois sabia que o conserto ia sair mais do que isso mas um pequeno detalhe desencadeou a terceira batida da asa da borboleta (primeira foi a pingaiada e a segunda me envolver no acidente): Eu não tinha um puto no bolso, estava sem talão de cheques e meu cartão do banco só sacava dinheiro a partir das seis da manhã.
Dei duas opções ao mané: esperar até as seis da manhã e pegar a grana ou me acompanhar até em casa. Como o cara queria resolver a parada logo ele topou me acompanhar até em casa mas ficou com medo que eu fugisse. Daí, macho como todo bom bebado, tirei os documentos do carro e minha identidade do bolso e dei pro cara. " Assim não tem como eu fugir..." falei confiante.
O problema é que eu estava tão, mas tão bebado que eu me esqueci que tinha deixado os documentos com o cara e fugi durante o caminho de casa. Dia seguinte aquela merda, vem toda a lembrança da cagada, o cara não me procurou, fiz B.O. de extravio de documentos, paguei uma puta grana para fazer segunda-via do documento do carro pois ainda por cima eu tinha IPVA atrasado e dezenas de multas de transito para pagar.A identidade eu nem encanei: além de eu te-la tirado com quinze anos e minha foto ser a de um adolescente punheteiro, minha carteira do CREA me servia perfeitamente como identidade pois além de possuir "fé publica" ela traz gravado os numeros do meu RG e CPF. E realmente eu nunca mais precisei do meu RG na vida.
A merda já estaria de bom tamanho se tivesse parado por aqui. Mas essa foi só as batidas iniciais das asas da borboleta.

continua...