quinta-feira, janeiro 24, 2008

Esqui: The Glory

Apesar dessa pose enviadada e arrogante eu não sabia esquiar até então. Uns 15 anos atrás eu tentei aprender mas sem equipamento adequado e nem estrutura didática tudo o que eu fiz foi passar uma tarde vexaminosa em uma estação nos Alpes sem conseguir parar em pé direito.
Fiquei por anos fazendo planos para passar uma semana de férias em alguma estação de esqui com direito à aulas dadas por alguma monitora gostosa de pernas durinhas e traseiro perfeito. O tempo passou, passou e o plano foi ficando esquecido ali no hemisfério cerebral que armazena as promessas, boas intenções e resoluções de ano-novo.
Daí, do nada, heis que recebo um comunicado da empresa dizendo que como fomos bons escravos no ano passado seríamos agraciados com uma estadia numa estação de esqui di-grátis com direito a curso intensivo para os retardados iniciantes (como eu, por exemplo).
O programa foi bem puxado: oito horas diárias de aulas sem direito a pausa para o cafezinho. De 16 iniciantes apenas 6 herois terminaram o curso. Covardes e fracos iam desistindo a cada nova etapa que tinhamos que suplantar. Pelo menos tiveram o bom-senso de criar um grupo só de marmanjos, sem instrutores vestidos de Mickey Mouse e criancinhas mijadas chorando de tédio.
Aprender a esquiar é doloroso, exige esforço de músculos que nem o seu corpo sabia que existiam, exige fôlego, reflexos rápidos e um forte poder de decisão para se esolher, por exemplo, em milésimos de segundo se você esmagará a criança no trenó à frente ou se optará por se atirar ao precipício evitando assim mortes desnecessárias. Confesso que se eu não tivesse parado de fumar há dois anos e não tivesse me transformado em corredor há um ano eu teria abandonado também. Dos meus colegas, o recorde de desistência em menor tempo foi meia-hora após o início do curso. Mas é o caralho: você cai a cada minuto, as pernas doem e os instrutores gritam na sua orelha: "PEDE PRA SAIR SEU FILHO-DA- PUTA, PEDE PRA SAIR !!!!!!!!!!"
Após aprender a controlar, virar e parar com os esquis o mundo toma novas formas, o corpo conhece novos horizontes e novas sensações, uma euforia cósmica toma conta de todo o seu ser estimulada pela adrenalina e você perceberá que que não poderá mais viver sem esquiar pelo menos duas semanas por ano, todos os anos de sua vida.
Hoje, eu abdicaria de xoxotas das mais umectadas mas não abriria mão de uma boa esquiada, deixo aqui a minha dica: não morram sem ter pelo menos um dia tentado esquiar nem que pra isso seja necessário vender um rim ou uma córnea. Não morram sem descobrir este um luxo radioso de sensações.



Esq. para dir: Silvain, Joe Bass, Eric (instrutor), Thomas, Veerle, Els e Patrick. Só os bravos sobreviverão.