quarta-feira, abril 11, 2007

O Turista e a sanidade mental do entorno - Parte 01

Suponho que todo o bom carioca já esteve pelo menos uma vez na vida no Corcovado e pode admirar a bela vista que este local proporciona sobre a “cidade-maravilhosa”.
Eu mesmo estive lá uma vez e pude sentir um luxo radioso de sensações ao apreciar estupefato a incontestável beleza da cidade do Rio de Janeiro.
Agora façamos um pequeno exercício mental: imagine-se, leitor (a), morando no Rio há muito tempo e recebendo visitas de amigos e/ou familiares que não conhecem a cidade quase todos os finais de semana na sua casa. Voce, depois de subir ao Corcovado pela 137° vez tentará argumentar que existem locais mais interessantes para visitar mas tudo será em vão: terá de subir ao Corcovado pela 138° vez acompanhando seu hóspede.
Quando eu morei na França, felizmente foi numa cidade aos pés dos alpes que ninguém nunca ouviu falar e não em Paris. De outro modo eu teria ou entrado na torre Eiffel dirigindo um carro bomba ou atirado o turista mais mala lá do alto dela. Em Londres foram só seis mese. Antes que o primeiro turista mala aparecesse para me visitar eu mudei para a Bélgica. O roteiro londrino turista-mané não foi explorado à exaustão.
Meu desafio, depois de dois anos morando na Bélgica e recebendo visitantes às pencas, é o de não fazer cara de bosta quando alguém me pede para acompanhá-lo ao Maneken Pissen, Atominium, Grand Place de Bruxelles ou à Brugges. Eu gostaria de poder olhar para o Maneken Pissen pela 26° vez no mesmo ano, e não sentir vontade de vomitar. Eu juro que queria olhar para a arquitetura medieval de Brugges pela 49° vez como se fosse a primeira, decantar um luxo radioso de sensações a cada descoberta feita pelas suas ruelas. Quando vejo o Atominium pela 56° vez eu até tento admirar a ousadia da engenharia estrutural da primeira metade do século passado em colocá-lo praticamente pairando no ar usando apenas a tração entre suas juntas. Eu tento mas não consigo. Ao invés disso, tudo que se manifesta dentro de mim é um desejo enorme de explodir o Maneken Pissen, botar fogo na Grand Place, subir no Atominium com uma metralhadora atirando em todos ao meu redor e, por fim, me suicidar quando a polícia cercar o monumento acionando os explosivos amarrados em minha cintura.
Antes que me acusem de velho, ranzinza, amargo ou seja lá o que, retomem a leitura acima e refaçam 261 vezes o exercício mental que eu sugeri logo no início do texto. Feito isso, voces estarão prontos para passar para o post adiante.

2 Comments:

At 7:27 AM, Blogger Mairocas said...

Eu andei bastante pela Bélgica (vide "Grottes de Han")... mas eu não fui ver nem o Maneken Pissen nem o Atominium. E tampouco levei alguém lá para ver. Mas não escapei de ser guia na Grand Place de Bruxelles e em Brugges. Mas levei o povo em Ghent, Namur, Dinant e "Oostende" (praia Belga também é cultura).

 
At 11:19 PM, Blogger Joe Bass said...

Maíra, não há o que possa dissuadir um turista. Nem Ghent, nem Namur, nem nada. O negócio é manekn pissen e ponto final. E ai se voce tenta provar o contrário ...

 

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